A base da pirâmide não é apenas um nicho de mercado, é o próprio Brasil. Uma das características mais importantes de ser brasileiro é o personalismo através do qual estabelecem suas relações, inclusive as comerciais. Este aprendizado acontece na escola, nas famílias e também na tendinha da esquina. Onde uma mãe atribulada poderá deixar a chave da casa que será apanhada pelos filhos ao voltarem da escola. Quem sabe até ganhem um café com leite...
Num supermercado não dá para fazer isso porque as relações pessoais foram cortadas. Nem nas farmácias. Assim como não dá para tomar um café na Nova Faria Lima porque os prédios foram feitos para serem vistos, não vividos.
Preservar os alicerces da cultura nacional é imprescindível para assegurar sua reprodução, se gostarmos dela. Quem não gosta pode mudar para os EUA. Lá as relações objetivas são velozes, na dá para parar e tomar um café indo de um lugar a outro; a eficiência predomina sobre as relações pessoais. A beleza do trato pessoal só sobrevive na propaganda dos supermercados, porque a racionalidade do seu negócio suprime as relações pessoais e com isso contribui a socavar a cultura nacional.
Não há nada de errado ter uma tendinha na esquina prestando serviços alheios à sua função. Vendem caro? Permita abrir duas, mas não um supermercado. É para se pensar, porque não esta em jogo apenas o dinheiro dos Diniz nesta empreitada contra o Casino.
Alfredo Behrens
Professor do International MBA da Fundação Instituto de Administração
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